Thursday, December 8, 2011


Decidi que não vou falar. Por agora não. As palavras já me cansam. Apontar o dedo vezes sem conta às tuas falhas, só para as ver bater-me na cara de novo, já basta. Não quero mais. Vou só aninhar-me aqui e tentar pensar menos em ti. Precisar menos de ti. Porque afinal, não te tenho. Tenho sim algumas horas em que te roubo do mundo, mas ele descobre-te sempre... Ou então és tu que ficas irrequieto e queres voltar. De qualquer das formas, fico sozinha de novo. E não tem mal, sempre apreciei a solidão, somos velhas amigas. Mas não a quero nem um milésimo do quanto te quero a ti. Mas tu falhas, e deixas-me só com ela. Ela que é caprichosa, mesquinha, negativa. Enche-me os ouvidos de palavrões e diz que me perdi de mim. Que mais uma vez não sei amar-me sozinha.

Tuesday, December 6, 2011


Dei-te as mãos como se por engano. Tombei sobre ti. E agora cada passada que dás carrega o meu peso também...lembras-te daquele peso morto? Sim, está sempre lá. A martelar-te, a arrancar-te pedaços... Sangue e gritos. Faço dramas nos teus ouvidos e teias nos teus braços, enforco cada sentimento à nascença e nego-o. Se sou feiticeira, porque vens sempre cair neste caldeirão, mesmo quando te corto a rede e digo vai, corre, foge-me, que te hei-de devorar...? Olhas para trás e aí a magia quebra-se, e, num arrastar de ossos cansados, apertas-me junto a ti e dizes que não, não vais a lado nenhum. Que queres destes estilhaços, destas farpas, destes trejeitos de mulher só? Que queres deste corpo falso, que camufla os meus milénios...? Às vezes estou tão velha e cansada que me torno impaciente com a criança que mora dentro de ti. Enervas-me. Como quero por vezes arrancar-te daqui, soltar os meus braços do teu peito, descolar. Passar a ser só eu. Concha. Mas a solidão desdenha-me. Diz que não lhe pertenço! Então a quem? Quem há-de querer esta carcaça? Tu, menino perdido e indefeso? Não, não posso, destruo-te no meu caminho de desgraça. Destruo-nos aos dois. Desfaço-te. Assim deve ser se de ti quero pedaços que ainda não podes dar?