Monday, March 28, 2011


"Share my life,
Take me for what I am.
'Cause I'll never change
All my colors for you.


Take my love,
I'll never ask for too much,
Just all that you are
And everything that you do."
(I Have Nothing from Whitney Houston)

Só te consigo dar o que tenho. Dou-te tudo o que tenho. Mais do que isso não consigo. Espero que possa ser suficiente, porque gosto mesmo de me entrelaçar em ti.

E sim, estou magoada. Não gosto de desiquilíbrios. Fazem-me cair. A mim pouco me importa que venhas nu pela rua. Eu gosto mesmo é de ti. E posso mostrar-te de todas as formas e feitios a esses olhares curiosos, com orgulho, porque só eu sei o quão feliz me fazes.  E basta o teu sorriso e o teu olhar para eu saber que és tu. Não preciso de roupa.

Amo-te, 
não podemos simplesmente dar as mãos e correr pela rua como duas crianças apaixonadas?

Não sou um cavalo de corrida! Não penses que vens para aqui polir-me os cascos e que tudo vai ficar bem. Eu venho com o pacote completo, coisas na cabeça e tudo, não esperes grandes melhorias, sou assim mesmo. Eu avisei-te, avisei-te, avisei-te. Se estás à espera de milagres, pensa melhor, antes que me fodas o terceiro coração.

Eles? Eu não quero saber deles. Estou-me nas tintas. Se nasci para ser queimada na fogueira, que seja. Não vou deitar por terra a parca confiança que vim desenvolvendo ao longo destes anos, não me deito fora mais. A desmaterialização custou tanto, quase me matou, não o faço mais, desculpa. Se tens vergonha, foge. Esconde-te. Admite perante a sociedade que ela é mais forte que eu. E ela sorri e fica contente, porque tem mais um carneiro. Mais alguém igual. Riam-se vá! Riam-se das pessoas ridículas que, curiosamente, são bem mais felizes que vocês e as vossas vidinhas comuns. Não pedi para ser única. Construí-me assim. E mil vezes assim. Mil vezes única. Vocês riem-se de mim porque eu sou diferente. Eu rio-me de vocês porque são todos iguais. O mesmo carneirismo hitleriano, a mesma falta de confiança, os mesmos gritos calados, domesticados. Não sou um animal de cercado, sou livre, LIVRE. E caio, se for preciso, não quero saber. Pisem, vá. Cuspam. Não têm mais nojo de mim do que eu de vocês. Só têm mais inveja, porque no fundo queriam mesmo mesmo era ter coragem para ser o que são, mas falta-vos os tomates. E eu não quero ser como vocês. De todo. Vá, tentem aprisionar-me... Não contava era com essa ajuda... Ironicamente, são as pessoas que mais gosto que vos estendem a chave destas algemas... E eu que pensei que só me queriam ver voar... Como posso eu gostar de mim quando nem eles o fazem? Realmente, não devo prestar para nada.

Thursday, March 24, 2011


Está na hora de dormir. E eu não quero. Deitar-me sem ti... Para quê? Para me sentir a flutuar sozinha para lado nenhum? Não. Eu quero mesmo é abraçar-te. Nunca gostei tanto de abraçar ninguém enquanto dorme. Nunca. Há algo em ti que me faz ter braços enormes, prontos para te envolver, para te proteger, para te guardar do frio, eu que sou tão pequenina, tão frágil já de mim... Mas estes bracinhos querem guardar-te. Bem aqui. Onde te possa ouvir respirar.

Friday, March 11, 2011


Há diagonais que me fascinam e intrigam. Um dia hei-de ter coragem de traçar uma, só para saber como é... Assim quando a minha mente pseudo-depressiva levar a melhor... Assim quando eu não tiver mais vontade de remar contra a maré...Assim quando eu ficar presa numa ilha deserta...sozinha.
Esqueci-me desta minha capacidade de agrilhoar as pessoas a mim. Elas vêm, vão ficando, querem mais, esperam, desesperam. Quem me conhece, quer-me muito. Quer agarrar o meu cabelo, acariciar a minha pele, ouvir o meu riso, enterrar-se nos meus olhos, fazer parte de mim. E eu deixo fazer. Encaixo-me, quase sempre perfeita, quase sempre um sonho, uma quimera impensável, um bicho de mil formas que, de alguma forma, resulta bem. E as pessoas caem ainda mais, maravilhadas, sem querer acreditar. Acham-se com sorte. Mas sorte tenho eu. Acham que não merecem. E provavelmente não. Provavelmente não pertenço a lugar nenhum, por muito que queira ficar, por muito que queira estender a toalha de piquenique, aí vem mais uma ventania, um safanão, e surge uma nova colina. E há um novo cesto a preparar, novas coxas de frango, novos rissóis (a minha perdição), novo vestido lindo de domingo. E encanto, saída de um filme. Danço e canto enquanto as pessoas, preguiçosas, se deixam ficar. Sorrio-lhes muito. Tento ser o mais linda possível, abro-lhes tudo, dou-lhes cada artéria e cada veia, cada parte de mim. Sou assim mesmo. Nasci para dar. Daí querer ser médica. Quero passar a vida a dar-me aos outros. E faço isso nas relações. Dou-me até não haver mais. E então, chegado a este clímax, basta esperar o ponto de saturação, a reviravolta, a altura em que o doce enjoa, se torna perfeito demais, bom demais, tóxico, impossível de gostar e amar. E eu fico a rodopiar sozinha, ainda de cicatrizes abertas...Aquelas cicatrizes que eu tinha aberto para dar toda e qualquer parte de mim. E agora para ali estão, inúteis. Ninguém as quer. Ninguém as beija mais e diz que tudo vai ficar bem. Por momentos, julgo morrer. Mas vivo sempre, renovo-me, pronta para mais uma luta, pronta para mais uma vez, tenho um coração daqueles fortes, daqueles que simplesmente não se conformam e que acham que, mal por mal, mais vale parar arranhado do que intocável, virginal. Não quero cá disso. Por isso, não tenho sonhos de plenitude. Só trabalho com o presente. E nele sou feliz. Estás aqui. Vai ficando. Eu juro que te trato bem.
Desculpa se sou um bicho desconfiado, se tens de apanhar os meus pedacinhos numa escumadeira para que possam criar alguma coisa.
Desculpa ter-te aparecido na frente, depois de tantos anos, mais pesada, menos leve, mais magoada, menos inocente.
Desculpa se os meus olhos ficaram mais pequenos, cansados de se abrir aos outros.
Desculpa se tens de sussurrar mil vezes as mesmas palavras até que eu acredite.
Desculpa não ser mais aquela louca que caía de cabeça em tudo, mas sim cautelosa.
Desculpa se deixei de acreditar em mim e no meu futuro.
Desculpa não te dar mais do que aquilo que sou, por medo de o ver atirado fora.
Desculpa carregar dores que não te dizem respeito, mas que és obrigado a suportar.
Desculpa não te dizer todas as palavras que mereces ouvir, que são tuas há muito, mas que eu não sei como verbalizar.
Desculpa controlar-me para não abrir todas as minhas portas a ti, como tanto quero.
Desculpa se caio cada vez mais sobre ti, se sou pesada, se te quero mais e mais, reclamando cada parte de ti.
Desculpa se me fazes chorar de alegria.
Desculpa estar a pedir-te desculpa.