Friday, November 30, 2012



Deixo-me prender por ti...como jurei que nunca mais deixaria.
Magoámo-nos tanto outrora...por coisas que parecem tão pequenas agora...
tentámos enganar sentimentos, mascará-los, disfarçá-los, moldá-los...
Mas há marcas que nunca saram e emoções que não se diluem...
É por entre cordas bem apertadas, ligadas directamente ao teu peito,
que calmamente me deito sobre o que desprezámos durante tanto tempo,
e fecundo as sementes daquilo que ficou por dizer e fazer com risinhos tímidos,
com palavras entrecortadas, com apertões vigorosos às almofadas que fazem a vez na tua ausência...
Volta depressa.


Em suspenso...aguardando pacientemente que as saudades me encontrassem 
e me trouxessem de volta...

Escrever é uma parte inegável de mim. Tentarei não esquecer nunca mais.

Assim regresso a este cantinho...para destilar palavras ora suaves ora feridas...

Tive saudades.

Thursday, August 9, 2012




A minha Alice já não espera mais... 
Já não a vêem, perdida entre arbustos, atrás de coelhos...
E oh, quão perdida ela esteve...
Quão pesada a venda que a cobria, mas que a obrigou a crescer...
Quantos erros, quantas decisões precipitadas, quantos enganos...quando a verdade era só uma...
Há coisas que não se devem esquecer...que não se devem, nem se podem...
Há coisas que deixam uma marca em nós...que os anos não apagam.
Andei em círculos a fugir dessa marca, a negá-la...repudiá-la...
Tantas vezes me perguntei porquê...o que teria acontecido "se"...
Saltitei de emoção e emoção, para apagar o vazio.
Consegui ignorá-lo, à custa de ilusões e desilusões...
Cresci, cresci muito...até chegar ao momento de saber o que queria.
A Alice deixou de perseguir sonhos, mas apenas o seu sonho.
E, no momento em que finalmente me aceitei sozinha, voltaste.
Num instante, 5 anos de distância esfumaram-se...como se nunca tivessem existido...
A porta abriu-se...uma porta fechada em lágrimas outrora...
Uma porta que transpusemos sem medo, 
encadeados por sentimentos fechados em baús há tanto tempo...
mas que se mantinham à espera que lhes estendêssemos a mão, como devíamos.
Escolhemos outro caminho, há 5 anos atrás...
mas a vida encarregou-se de nos devolver ao mar...e aos braços um do outro...
para uma nova tentativa...a derradeira...
No fundo não é um começo...é um recomeço...

Thursday, July 19, 2012



Tenho pena de ti. 
Acima de tudo, da raiva, do quase ódio, do nojo que me fazes ter de mim mesma,
das vezes que me convenceste de que eu era um monstro e nunca seria amada,
tenho pena de ti.
Tenho pena de ti porque és infeliz. Tu dizes que és.
Abertamente, sem vergonhas, sem véus.
E não te desenvencilhas disso.
Não te moves, ficas agarrada aos joelhos ou à cabeça, parada, a lamuriar-te.
E odeio-te por isso!
Odeio-te e tenho pena!
Odeio-te porque, na tua prisão, capturaste as minhas asas e não me deixas ir!
Fechas-me a felicidade e nem te apercebes.
Junto de ti, nunca serei aquilo que posso ser.
Sugas-me, derrubas-me e hei-de sempre odiar-te.
Gosto de ti, mas odeio-te.
E tenho pena de ti.
Muita, tanta, que às vezes choro, como se fizesse luto pela menina de permanente
que um dia sonhou e que morreu num campo de malmequeres.
Que desistiu da vida, das lutas e que, ano após ano, fica mais pálida nesse mar de flores...


Sunday, June 17, 2012




Linhas quebradas, aveludadas, esguias, falsas, ingénuas...
Linhas de sangue, suadas, gritadas...
Incompreendido, o mundo gira, desenleva-se, faz-se grande, de peito feito...
mas tomba nas órbitas vazias dos pássaros do Norte.
Noites frias, sonhos apagados, memórias...apenas memórias...
Um arranhão...dois...mais um e outro.
Um cadáver não pode sentir...
Não pode partir, pois já está partido.
Não perdido...perdidos estão os retalhos de pele, seca, negra, triste. 
Há dores que nos acordam.

Fechei um ciclo e abri outro.
Um que me pertence, é só meu meu meu!
Não mais me curvo perante ninguém, 
não mais me descentralizo e deixo levarem osso e carne!
A partir de agora, valorizo-me como nunca me valorizei!
Teço sonhos só meus, e cantigas só para a minha voz.
Estou sozinha, mas acompanhada de toda a força do mundo!
Sou cigarra, de pé descalço e de olhos bem abertos!
Estou mais perto do que quero vir a ser!
Força e vamos para a frente!

Thursday, April 26, 2012


(a ouvir isto)

Tenho tentado esquecer este pequeno detalhe.
Tenho tentado fazer as minhas coisas, pensar menos em ti.
Mas é certo que o amor é kamikaze, gosta mesmo é de chafurdar na auto-comiseração...
Amo-te de uma forma insuportável, dói forçar-me a manter à parte.
Dói-me não esperar que me dês a mão e me tires deste poço...
Costumo dizer que sou independente, mas na realidade passo a vida a abrir muitos os olhos de Bambi,
à espera que tenham pena de mim e me levem ao colo.
Estou a aprender a não depender de ti, na esperança disso me poder salvar da falta atroz que me fazes
e a qual não fazes grande esforço em contrariar.
As coisas nem sempre são o que queremos.
O que eu mais quero é ter uma casa sem eco.
Sabias?

Sunday, April 8, 2012


Porque tenho esta mente alada, que me torna uma pedra com olhos de vidro, sentada a olhar o horizonte?
Porque fujo da água que me banha os pés, qual sobreiro suicida que se espraia ao vento?
Porque me torturo, segundo passado após segundo ausente?

Porque fui eu ter este peito tresmalhado, que procura mil e um motivos para ser infeliz?
Porque me deixo cultivar por sementes de descrença e nos lanço olhares de desconfiança?
Porque duvido, dia após dia, dos sentimentos que brotam desta ave tímida?
Porque massacro, vezes sem conta, as tuas mãos estendidas?
Porque tenho este monstro escondido nas entranhas, que apenas se sacia nos teus braços?
Mas...que braços...que conforto quente encontro no teu abraço...
Naqueles instantes em que me apertas contra ti, me reclamas, como a coisa que te é mais querida,
naqueles etéreos momentos em que, ainda meia perdida na terra dos sonhos, me sinto estreitada contra o corpo que mais amo, 
esta besta finalmente amansa, cala as angústias e fecha os olhinhos de contentamento...
Porque a solução, amor meu, encontro-a junto de ti.
Dá-me alento para não me perder nos rastos de pão que deixo para trás,
naqueles momentos em que tenho de me afastar...


Tuesday, March 13, 2012


Estou esgotada. Não consigo mais, não há forças que me restem.
Só quero aninhar-me, desistir. 
Preciso de um apoio que nunca tenho, de alguém que me segure.
Alguém que ao meu "eu não estou bem", me dê a mão.
Nunca me dás a mão, nunca serves para me cimentar o espírito.
Apenas me tornas mais pequenina.
Não me proteges, não padeces da minha dor.
Apenas dizes que nada podes fazer...
De que me serves, então?
Não queiras só cá vir roubar um pedacinho quando estou feliz.
Porque não estou sempre.
Muitas vezes tombo, e hei-de tombar.
E se não servires para me limpar os joelhos esfolados e as lágrimas, não tens lugar aqui...

Saturday, March 10, 2012


Aninho-me. Sinto que passo a vida a aninhar-me e a engolir em seco, mordendo a dor. Calando-a. 
Não sou imune. Nem sequer sou uma rapariga forte. Apenas sei apertar os joelhos contra o peito e esperar... Esperar pelas migalhas que me vens atirar. Sou uma galinha obediente e, mesmo que falhes um dia ou outro, não pulo cercas.
Dizem que não tenho asas, mas mentem. Eu não quero é usá-las.
Porque sei que, quando vens, levito. Levitar é bem melhor que voar, porque não preciso de sair do sítio. E sim, eu sou uma criatura passiva, caseira. Não gosto de mudanças, de coisas fora do sítio.
E, sobretudo, odeio dormir sem ti.

Sunday, February 12, 2012


Então percepciono-me sozinha. Empoleirada no cimo das minhas obrigações, tudo cambaleado, fora de horas. E desfio os minutos desejando uma realidade diferente, em que não fosse alvejada pela solidão. Esta fragilidade, incapaz de ser captada por olhos incautos, que se distraem pelo sorriso de trigo, comporta um peso-morto, que é tão maior quanto mais escurece, quando se aproxima o momento de me deitar numa cama fria. E quando me consolo pensando que também tu sentes o vazio de uma noite vazia, a realidade choca comigo e eu percebo que, afinal, é apenas mais um dia para ti...e que a minha sombra sufocante, que se queria empoleirar no teu pescoço todos os dias, afinal é facilmente esquecida... Talvez por isso mesmo, por querer demais, e desejar demais... Como sempre, sou escrava de sentimentos, e só queria um génio que me concedesse o desejo de nunca amar mais do que sou amada. Ou lembrada. 
  

- Como estás?
- Cansada. Esperando que os dias passem.
- Queria que estivesses aqui.
- Também eu. O mundo torna-se feio quando não estás. Sufoca a minha garganta.
Parece que nem respiro. Queria trocar gargalhadas e ver os teus olhos rir. Queria perder-me no calor do teu corpo. E cair no teu abraço. 
Sei que sou apenas uma tontinha, mas não deixo de adormecer a pensar no dia em que vou deixar de acordar sozinha...

Monday, January 30, 2012


A vida é cansativa. Torna-se difícil escolher entre viver ou não viver. Cada uma reserva desvantagens. E às vezes, preferia a passividade do limbo.
Estou cansada de tomar decisões, de tentar escolher o melhor...
Estou farta de desenhar o meu caminho nestas areias de praia incerta.
Estou farta de estar viva. Estou farta das pessoas que tentam que tudo tente parecer simples e não é. Nada é simples. Estou cansada. Morta. Desfeita. Quero desaparecer.
AGORA!

Wednesday, January 18, 2012


Constantemente caio no "talvez". Tenho medo de afirmar os meus desejos e sentimentos com certeza, provavelmente porque os vi tantas vezes rasurados contra vontade. Porque tantas vezes amei a coisa errada. Amei o que pensei que me salvaria, quando só sobrevivia de abraços secos, estéreis. 
E agora, meu salvador, eis-nos aqui, incrédula eu ainda, atordoada até, passados quase 12 meses. Meses em que me faltou o ar, em que me faltaram as palavras. Meses em que duvidei, meses em que acreditei com todas as forças... E esse "talvez", que tanto teima em me acompanhar, desprende-se aos meus poucos das teias do meu coração, e deixam-no cantar. Sei bem que o que quero é unir-me a ti. Sem "talvez". Sem dúvidas de que és o homem que me completará como nenhum outro. Que no meio do choro e da dor, me farás sempre levantar com um sorriso. Que és a única pessoa com a qual quero viver para sempre.
Resta é saber se alguma vez terei coragem de to confessar.