Sunday, February 12, 2012


Então percepciono-me sozinha. Empoleirada no cimo das minhas obrigações, tudo cambaleado, fora de horas. E desfio os minutos desejando uma realidade diferente, em que não fosse alvejada pela solidão. Esta fragilidade, incapaz de ser captada por olhos incautos, que se distraem pelo sorriso de trigo, comporta um peso-morto, que é tão maior quanto mais escurece, quando se aproxima o momento de me deitar numa cama fria. E quando me consolo pensando que também tu sentes o vazio de uma noite vazia, a realidade choca comigo e eu percebo que, afinal, é apenas mais um dia para ti...e que a minha sombra sufocante, que se queria empoleirar no teu pescoço todos os dias, afinal é facilmente esquecida... Talvez por isso mesmo, por querer demais, e desejar demais... Como sempre, sou escrava de sentimentos, e só queria um génio que me concedesse o desejo de nunca amar mais do que sou amada. Ou lembrada. 
  

- Como estás?
- Cansada. Esperando que os dias passem.
- Queria que estivesses aqui.
- Também eu. O mundo torna-se feio quando não estás. Sufoca a minha garganta.
Parece que nem respiro. Queria trocar gargalhadas e ver os teus olhos rir. Queria perder-me no calor do teu corpo. E cair no teu abraço. 
Sei que sou apenas uma tontinha, mas não deixo de adormecer a pensar no dia em que vou deixar de acordar sozinha...