Monday, February 7, 2011


Talvez tenha nascido para a cissão. Talvez não pertença a lugar nenhum. Sou uma sem-abrigo. Nem em casa estou em casa. Estou só, perdida. Decidida a viver por mim. Mas sem conseguir. Dando passos tímidos. Sozinha, sempre sozinha. E eu queria tão pouco... Porque não consigo? Porque é que ninguém me deixa abrigar-me? Entrar? Inundar a casa, alguma casa minha... Molhar-me, banhar-me nas minhas lágrimas de felicidade... Não uns segundos...não quero mais segundos. Quero mais. Ou então nada. Ar. Ar para soprar as velas que me vão aparecendo. Não estou destinada ao fogo. É o gelo que me há-de consumir. E eu dir-lhe-ei olá...demoraste...merecia-te mais cedo. Senti falta da tua piedade. E da tua eternidade. Prometeram-ma e nunca ma deram. Mas não morro mais sozinha, porque estás aqui comigo, a matar-me devagarinho, como se me amasses.

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