Sunday, April 8, 2012


Porque tenho esta mente alada, que me torna uma pedra com olhos de vidro, sentada a olhar o horizonte?
Porque fujo da água que me banha os pés, qual sobreiro suicida que se espraia ao vento?
Porque me torturo, segundo passado após segundo ausente?

Porque fui eu ter este peito tresmalhado, que procura mil e um motivos para ser infeliz?
Porque me deixo cultivar por sementes de descrença e nos lanço olhares de desconfiança?
Porque duvido, dia após dia, dos sentimentos que brotam desta ave tímida?
Porque massacro, vezes sem conta, as tuas mãos estendidas?
Porque tenho este monstro escondido nas entranhas, que apenas se sacia nos teus braços?
Mas...que braços...que conforto quente encontro no teu abraço...
Naqueles instantes em que me apertas contra ti, me reclamas, como a coisa que te é mais querida,
naqueles etéreos momentos em que, ainda meia perdida na terra dos sonhos, me sinto estreitada contra o corpo que mais amo, 
esta besta finalmente amansa, cala as angústias e fecha os olhinhos de contentamento...
Porque a solução, amor meu, encontro-a junto de ti.
Dá-me alento para não me perder nos rastos de pão que deixo para trás,
naqueles momentos em que tenho de me afastar...


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