Friday, February 4, 2011

Pronto, aqui está. Hoje te dou o que é teu por direito. Merece-lo. Vá, agarra-o. Devagarinho, que ele tem espinhos, tantos espinhos...mas é fachada, eles estão lá só para enganar, fazer feitio, na realidade eles são de borracha. Fininhos, indolores. Só para assustar os incautos, aqueles que se deixam enganar. Debaixo da aparência maliciosa pulsa uma carne doce, tenrinha, que realmente nasceu para aquela casa branquinha, aqueles cães e aquelas crianças. Não desejo muito. Não olho para o fim do precipício. Só quero olhar onde ponho os pés agora. Mas não vai resultar, já sei. Vou querer espreitar, olhar em frente, sonhar, voar. Eu assim sou. Bem que tento cortar esta minha veia, mas não resulta, ela multiplica-se, torna-se mais ávida ainda, quanto mais espancada, mais ela quer crescer, mais ela se quer segurar, tremer, acreditar. Ela cai sempre e, nem que sejam só nanossegundos, vê o amanhã e sorri. Rodopia. Canta. E eu roubo momentos de felicidade a uma vida que goza comigo. Mas eu deixo. Quem ri por último, ri melhor.

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