Não é fácil que me entregue. E muitas vezes parece que o vou fazer, parece mesmo. É agora, isto sou eu, tomem-me nos braços e não me deixem cair. Mas não. Recuo. Como uma corça. Sofro demais mesmo só me entregando um pouco. Maldita tendência de cair, não podia ser como as pessoas normais, que caminham? Eu só ando aos trambolhões, lanço-me de escadas altas pensando "e depois?". E depois partes-te toda, que querias que acontecesse?! Tenho esta tendência tresloucada para viver no limite, alheia a todos os meus alarmes. E agarro demais, mas não ao corrimão, agarro ar, tudo o que mexe, chega perto e me toca. Erro maldito! Quem me toca está condenado. Vai ter de carregar o meu peso. E a minha alma é tão pesada, tão velha. Pedras de esquecimento. E as minhas garras...tão fortes, tão sôfregas, implorando carne, implorando algo que devorar. A minha queda é tão rápida, arrasto tudo. Dividida entre a solidão e o medo dela. Ela murmura-me durante o sono que lhe pertenço. Mas eu não quero acreditar. Mereço mais.
Só tenho de me fechar mais um pouquinho antes de me poder abrir.
Só tenho de me fechar mais um pouquinho antes de me poder abrir.
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