numa janela sem pórtico sentada,
meus olhos vidrados espreitando o mundo;
na orla do abismo permaneço parada,
invejando a vida que se espraia lá no fundo.
Trai-me o "não",
ampara-me o "sim",
tenta-me a queda, o chão,
o salto, o vôo, o fim...
Esqueço, por fim, a retaguarda,
os medos idos, as bestas espelhadas.
Dos lençóis faço asas de alvorada
e lanço-me, rugindo, às ondas entrecortadas.
2014/05/08