"- Olá, tiveste saudades minhas?"
- Cala-te.
"- Então, isso é lá maneira de falar comigo, tua velha amiga?"
- Deixa-me.
"- Não te posso abandonar."
(Tapo os ouvidos com força.)
"- Não vale a pena fugires-me. Já devias saber isso. Menina tonta."
- Vai embora.
"- Nunca."
- Por favor.
"- Não."
(Caio.)
"- És uma fraca. Só a mim pertences."
- N...ão...
"- Não? Então olha em volta."
- Não!
"- Olha lá em volta, princesinha, olha e vê onde estás!"
(Abraço os joelhos com força, de olhos bem fechados, balançando o corpo.)
- Não, não, nãããão!
"- Não olhas? Pois eu digo-te o que há: nada! Estás sozinha de novo. E eu voltei para ti."
(Paro de baloiçar.)
"- Eu nunca te irei abandonar...mesmo que penses que me fui, eu vou estar sempre à espreita.
À espera dos teus falhanços, dos teus passos em falso, dos teus deslizes...
daqueles alturas em que a máscara estala e tu choras,
naquelas alturas em que te odeias e desejas morrer.
Estarei sempre aqui para ti. Sou a tua única amiga.
Por isso anda aqui, deixa-me abraçar-te e olhar-te nos olhos.
És minha. Nasceste só e vais morrer só. Nos meus braços."
(Desisto.)